Depois de um fim-de-semana passado fora, por Lisboa, veio uma fantástica gripe com picos de febre, dores no corpinho e todas as coisas a que se tem direito quando uma gripe ataque. Claro que entre falta de tempo e falta de vontade de me mexer o Advento de Domingo não saiu mas aqui estamos nós, três dias depois do "prazo", a ver se sai alguma coisa e vai sair mesmo.
O Advento de hoje vem em forma de introspecção numa época que é pautada por toda uma onda de boa disposição, excessos e euforia, ou pelo menos assim aparenta. A verdade é que o Natal não é uma altura fantástica e bonita para toda a gente. Falo do Natal como falo de qualquer celebração que aconteça nesta época do ano em que para além do apelo normalizado ao consumismo, temos acima de tudo uma carga emocional muito grande vinculada à época festiva, o que para algumas pessoas é um gatilho enorme no que diz respeito ao seu bem estar mental.
Se para alguns esta época relembra a perda de algum ou alguns entes-queridos, para outras pessoas é o facto do Natal despertar traumas passados. Ninguém reage nem deve reagir da mesma maneira aos acontecimentos que marcam a nossa vida e é assim que para muitas pessoas o Natal é uma altura desgastante, angustiante e que preferiam não ter de viver de todo.
Para outras pessoas é a ansiedade generalizada face ao que outros mostram e aparentam ser. Sim, porque numa época em que vivemos para as aparências e as fotos produzidos unicamente para mostrar o que nem sempre é a realidade, algumas pessoas encaram isso como uma espécie de falhanço que infelizmente desperta grande problemas a nível mental.
Não só temos estas vertentes como ainda temos toda a aposta de muita gente nas tradicionais indirectas face ao corpo dos outros. "Ah e tal, o Natal é tempo de excessos mas depois vais ter de queimar tudo!" Ora porra, vamos lá entrar nesta época com o peso do que ainda não comemos em mente, vamos já começar a criar uma bola de ansiedade crescente porque vamos ganhar 200gr a mais ou 2kg ou o que quer que seja. Já chega que na maioria não gostemos daquilo que vemos ao espelho, portanto ter outros a espicaçar este medo de comermos uma rabanadinha a mais é uma maneira certa de entramos logo de pé errado nesta época.
O Natal é uma época de coisas bonitas, decorações brilhantes, luzinhas e tanto mais. Para alguns é a vertente religiosa da data, para outros o espírito de união entre família ou amigos. Para muitos é uma época de stress, emoções fortes e uma tristeza imensa e jamais devemos pressionar essas pessoas a coadunar com as nossas visões sobre esta época do ano.
Se adoram o Natal, boa! Celebrem, divirtam-se, festejam junto de quem mais gostam. Esta época vos causa desconforto emocional e psicológico, é válido e mais válido é dizerem aos outros que preferem manter-se de parte, salvaguardarem-se ou se preferirem pedirem ajuda para conseguir ultrapassar esta época com menos stress e menos medo.
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